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05/04/2024
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Conversa de adulto

    A visita chegava, todos os que estavam em casa saiam na porta para receber, normalmente o pai fazia as honras da casa convidando-os para entrar, naturalmente a mãe colocava água para esquentar para o chimarrão, e eu na condição de criança pedia licença e me retirava.

    Eu, jamais ficava para escutar a conversa. Se tivesse alguma criança junto eu a convidava para brincar, se tivesse alguma mulher a mãe sentava junto para conversar, caso contrário minha mãe também seguia seus afazeres… O mesmo acontecia se porventura a visita fosse uma mulher, o pai e eu deixávamos a mãe com a visita e íamos fazer alguma tarefa.

    A única que ficava, se assim quisesse, independente da visita que fosse, era a Vó Chica. Nunca me explicaram o porquê, nem foi preciso, claramente ela tinha alguns direitos adquiridos pela sua idade, como obediência e respeito de todos nós. Lá em casa, na dúvida a vó era quem tomava as decisões, não tomávamos decisão importante sem ouvir a experiência dela. Sempre foi assim? Sim! Continua assim? Sim! O que mudou, com a partida da vó, é que, hoje, meu pai é o mais velho, e então ele decide.

    Educação, respeito e hospitalidade, sempre foram vivenciados no dia a dia e isso nunca mudou. Jamais alguém se metia na conversa do outro, muito menos as crianças nas conversas dos adultos. E isso reflete muito na pessoa que sou hoje. A maior parte da bagagem de respeito e educação que tenho vem dessas pequenas coisas que aprendi com eles.

    "Quando um burro fala, o outro abaixa a orelha"! Parece que ouço a voz do tempo repetindo as palavras de meu pai, que eram como um fio de faca afiada cortando rápido um deslize de intervenção inconveniente de minha parte. Mas na maioria das vezes ele não falava nada, apenas me olhava, e era o suficiente.

    Quando vejo aulas sobre comportamento e ética, fico rindo por dentro e penso comigo: Meu pai tem mestrado sobre isso, e sua metodologia de ensino foi uma das mais eficazes que eu já vi. Não há melhor jeito de ensinar do que dar o exemplo.

    Quando deixamos que nossos valores se percam, perdemos uma fatia muito grande de diferenciais de educação para a convivência em sociedade e o reflexo está muito claro nos dias atuais. Quando fazemos com que as vontades dos nossos filhos prevaleçam, estamos ajudando a criar uma sociedade que não terá valores de respeito adquiridos na base familiar e isso fará muita falta.

    Deixo uma reflexão para pensarmos: Dos valores adquiridos com nossos pais e avós, quais deles estamos mantendo com nossos filhos ou com quem convive conosco?


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Postado por:

Jácson Lusa

Jácson Lusa

Tradicionalista, poeta, pesquisador, comunicador de rádio e cursando bacharelado em adm. de empresas.

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