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A mediunidade e a transformação social
Por constituir uma faculdade natural, comum a todos os seres humanos, em maior ou menor grau, independentemente de raça, crenças ou posição social, é compreensível que a mediunidade tenha recebido interpretações que refletem as características culturais de cada povo, em diversas épocas bem como aplicações que variam segundo a evolução moral e os objetivos de cada um. Mediunidade é a capacidade natural que possuímos para percepção do mundo espiritual. A mediunidade em si não é boa nem má. O seu uso depende das condições morais e intelectuais do seu portador; por isso, como ferramenta, é antes de tudo uma oportunidade de servir, bênção de Deus, para a transformação individual e, portanto, a transformação social. Nesse contexto, deparamos, muitas vezes, com deturpações do fenômeno frequentemente banalizado ou reduzido a mero espetáculo para saciar curiosos. Além disso, a exploração do homem pelo homem, comum na sociedade atual, faz multiplicar o número daqueles que se aproveitam das faculdades psíquicas para iludir os incautos e desesperados. De outras vezes, simplesmente falta conhecimento onde sobra entusiasmo. Do ponto de vista espírita, porém, a prática da mediunidade tem objetivos que não compactuam com a exploração alheia e vão, muito além da mera curiosidade. Essa faculdade do indivíduo, mesmo quando represente um fator de socorro imediato, deve levar à reflexão, a fim de que a reflexão conduza à mudança de postura mental e comportamental das pessoas e posteriormente de toda a sociedade. São estas as propostas da Doutrina Espírita, com base na razão e no bom senso, a fim de que a Mediunidade se converta num ponto de apoio capaz de conduzir o ser humano ao encontro da consolação e do esclarecimento, rumo à plenitude imperecível dentro de si mesmo. Viver mediunicamente não é viver envolvido por um Espírito estranho, mas viver na plenitude do nosso espírito aberto para as relações mediúnicas internas e as percepções mediúnicas externas. A tranquilidade, a segurança, o saber, o equilíbrio que buscamos estão em nós mesmos. Podemos e devemos ser os médiuns de nossa natureza divina, encoberta em nós pelos nossos apegos aos formalismos, à magia e à idolatria. Elas nos iludem com suas fantasias e nos desviam de nossa divindade. No decorrer da tarefa, procuramos estabelecer uma ponte entre as peculiaridades do fenômeno mediúnico e a necessidade de autoconhecimento por parte daqueles que pretendem estudá-lo e praticá-lo. Em mediunidade não basta estudar o mecanismo da comunicação. Necessário também conhecer a si mesmo, uma vez que os resultados da prática mediúnica estão diretamente ligados à vida interior dos medianeiros. À medida que elevarem o padrão de sua conduta ética, os médiuns também promoverão a qualidade do intercâmbio mediúnico com consequente transformação social. Assim sendo, vemos que a mediunidade com Jesus, requer do médium equilíbrio espiritual e sinceridade de propósitos para que possa servir melhor a si, a seus semelhantes e à sociedade e progredir sempre. Na base da mediunidade está o pensamento. Essa força com a qual a individualidade espiritual colhe do fluido cósmico e cocria, imprimindo nessa matéria emoções, percepções valores, sentimentos, propósitos, preconceitos, limitações. O pensamento é o veículo e onde há conexão e intercâmbio, há permuta. A proposta educativa da Doutrina Espírita é um permanente convite ao autoaprimoramento, fornecendo à humanidade, por meio de suas obras básicas e subsidiárias, ricos elementos de reflexão e análise que não se reduzem somente à transmissão de conhecimentos, mas a um efetivo convite à transformação moral e social.