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CEO da Fiergs alerta sobre os desafios para a reconstrução da indústria gaúcha em palestra na CIC
Com um olhar franco sobre os desafios enfrentados pelo setor industrial gaúcho e uma mensagem de otimismo para o futuro, o CEO da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Paulo Herrmann, foi o palestrante da Tribuna Empresarial CIC, na quarta-feira, 28 de maio, em edição especial do evento pela passagem do Dia da Indústria.
Diante de um público formado por empresários e lideranças regionais, Herrmann apresentou um panorama dos gargalos que afetam a competitividade da indústria no estado. “A gente poderia pular uma parte do Hino Riograndense, porque nos últimos tempos nós temos poucas façanhas aqui no Rio Grande do Sul para nos orgulhar. Nós não temos as façanhas que serviam de modelo a toda a terra”, provocou o executivo, reforçando a importância de encarar os desafios com protagonismo e ação estratégica.
Na ocasião ele apresentou uma radiografia do setor no RS. Segundo ele, ao longo da última década, o estado caiu da terceira para a quinta posição em representatividade industrial no Brasil, reflexo de uma baixa taxa de crescimento, falta de incentivos e dificuldades estruturais. Entre 2002 e 2021, o crescimento do PIB industrial do estado ficou muito abaixo da média nacional.
A baixa produtividade do trabalho também preocupa. Segundo Herrmann, 87% das indústrias gaúchas operam com até 20 funcionários, revelando um modelo produtivo ainda pouco escalável. Outro dado alarmante diz respeito ao parque fabril obsoleto, com 41% das empresas utilizando máquinas já no fim de seu ciclo de vida.
Além dos entraves produtivos, a indústria gaúcha enfrenta uma crise silenciosa: a fuga de talentos. Nos últimos 20 anos cerca de 700 mil pessoas deixaram o estado, enquanto Santa Catarina atraiu um milhão de trabalhadores no mesmo período. Para Herrmann, isso revela um ambiente menos atrativo para novos profissionais.
A educação básica também tem impacto direto nesse cenário. O Rio Grande do Sul ocupa apenas a 14ª posição no Ideb do Ensino Médio, dificultando a formação de mão de obra qualificada para o setor.
Para reverter esse cenário, Herrmann detalhou o plano de ação da Fiergs, que passa por uma grande reestruturação interna do Sistema Fiergs (Senai, Sesi e IEL), focada em eficiência, agilidade e conexão com as necessidades reais das empresas.
Entre os pilares dessa transformação estão o fortalecimento da competitividade, inovação e tecnologia, retenção de talentos, internacionalização das empresas e adoção de melhores práticas de gestão e governança.
A intenção, segundo Herrmann, é recolocar o Rio Grande do Sul no protagonismo industrial nacional, com mais apoio às pequenas e médias empresas, que formam a base da economia do estado. “O momento exige consciência, mobilização e ação estratégica. Nosso estado já foi referência em educação e qualidade de vida, mas paramos no tempo. Precisamos entender isso para nos recuperar”.