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15/05/2023
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Todo mundo parte

    A partida dessa vida é algo natural e inerente a nossa vontade. Aceitar a morte é o princípio de viver bem, leve e mais feliz. Tememos a morte, mas por vezes, vivemos muito mal, parecendo zumbis, sem fazer valer a oportunidade de viver. Morrem nossos amigos, familiares, inimigos, escritores e pessoas que se destacam e nos mostram formas diferentes de ver a vida, etc.

    Esse prólogo inicial foi apenas para dizer a vocês, leitores, que essa semana fiquei um pouco mais órfão. Venho com o tempo ficando um pouquinho mais órfão a cada partida de quem é relevante para mim. Seja familiar, no esporte, na arte ou em qual situação for, fico órfão, quando alguém importante para mim parte. Obviamente sua obra permanece, mas será sempre derradeira, não teremos mais a novidade daquele Ser que era tendência, que fazia o coração aquecer, que era um diferencial para a existência de alguém, minha, no caso do presente texto.

    Essa semana minha orfandade tem nome, chama-se Rita Lee. Mulher guerreira, brava lutadora contra o “status quo” de um mundo injusto e demagogo, além de possuir muito talento. Sua obra retroativa permanecerá na eternidade das memórias, dos Lps, CDs, livros, revistas, jornais, VHSs, entre outros arquivos existentes. Mas, o vazio de uma geração que está indo embora, esse vazio dilacerante, não tem recuperação. Ficamos órfãos, um pouco a cada dia, mas até isso é parte da existência humana. Deixo uma letra dessa grande artista que nos deixou essa semana: Todas As Mulheres do Mundo (Rita Lee).

Elas querem é poder

Mães assassinas, filhas de Maria

Polícias femininas, nazijudias

Gatas gatunas, kengas no cio

Esposas drogadas, tadinhas, mal pagas

Toda mulher quer ser amada

Toda mulher quer ser feliz

Toda mulher se faz de coitada

Toda mulher é meio Leila Diniz

Garotas de Ipanema, minas de Minas

Loiras, morenas, messalinas

Santas sinistras, ministras malvadas

Imeldas, Evitas, Beneditas estupradas

Toda mulher quer ser amada

Toda mulher quer ser feliz

Toda mulher se faz de coitada

Toda mulher é meio Leila Diniz

Paquitas de paquete, Xuxas em crise

Macacas de auditório, velhas atrizes

Patroas babacas, empregadas mandonas

Madonnas na cama, Dianas corneadas

Toda mulher quer ser amada

Toda mulher quer ser feliz

Toda mulher se faz de coitada

Toda mulher é meio Leila Diniz

Socialites plebeias, rainhas decadentes,

Manecas, alcéias, enfermeiras doentes

Madrastas malditas, super-homem sapatas

Irmãs La Dulce beaidetificadas

Toda mulher quer ser amada

Toda mulher quer ser feliz

Toda mulher se faz de coitada

Toda mulher é meio Leila Diniz

Nossa Senhora Aparecida, Dercy Gonçalves

Clarice Lispector, Carmem Miranda, Marília Gabriela

Hebe Camargo, Regina Casé e Elis Regina

Lilian Witte Fibe, Norma Bengell, Bibi Ferreira

Maria Bonita, Anita Malfatti, Magdalena Tagliaferro

Danuza Leão, Nara Leão, Fernanda Montenegro

Wanderléa, Sonia Braga, Luiza Erundina, Dona Canô

Princesa Isabel, Joyce Pascowitch, Lonita Renaux

Virginia Lane, Virginia Lee, Mary Lee, Liège Monteiro

Lucinha Araújo, Balú, Caru, Pagu, Matilda Kovak

Zélia Gattai, Angela Diniz, Daniela Perez, Cláudia Lessin

Aida Curi, Elvira Pagã, Luz Del Fuego, Bruna Lombardi

Hortência, Claudete e Ione, Silvia Poppovic

Vania Toledo, Laura Zen, Minha Mãe, Roberta Close

Mônica Figueiredo, Ruth Escobar, Dolores Duran

Rebordosa, Dora Bria, Tizuka Yamasaki

Tomie Ohtake, Rita Camata, Rita Cadillac, Lúcia Turnbul

E eu, e eu, e eu, eu, eu, eu

Toda mulher quer ser amada

Toda mulher quer ser feliz

Toda mulher se faz de coitada

Toda mulher é meio Leila Diniz.


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Postado por:

Diego Cettolin

Diego Cettolin

Diego Cettolin é Administrador de empresas, Pós-Graduado em marketing e acadêmico em Direito.

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