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02/02/2024
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Uma quarta de arroz

    Entre tantos passeios que minha mente proporciona pelas minhas memórias antigas, me reencontrei ainda menino levando uma quarta de arroz para descascar…

    Meu pai armazenava o arroz com casca, e de vez em quando a vó Chica media uma quarta desse arroz, ou uma lata de aproximadamente 20 litros, colocava em uma "bolsa de ráfia" e me dava a tarefa de levar na casa do Seu José Brasaga onde havia o únido descascador da região..

    Nas quartas feiras ela parava as outras lidas para atender aos vários moradores da região que traziam arroz para descascar. Sempre, nas quartas feiras, se reunia muita gente em sua casa.

    Eu adorava essa missão, porque embora fosse longe e pesado pra mim, era um dia que eu ia cedo para não ficar até muito tarde, e lá, enquanto aguardava para chegar a minha vez, eu brincava com o Breno Antônio, filho do seu José, que tinha a mesma idade que eu. Na volta a carga vinha menor e o coração também vinha mais leve depois de ter passado momentos de aventura.

    Quando repasso essas memórias penso no quanto essas coisas tão simples eram importantes. Hoje não tem nenhum descascador de arroz por lá, aliás até tem o do Seu José Brasaga, mas hoje está em desuso. Na época jamais imaginava que aqueles dias seriam a minha riqueza futura. Nem que aquelas pequenas aventuras fossem deixar tanta saudade.

    É por isso que aprendi a valorizar os momentos de agora. Eu sei que o tempo vai passar, e que logo ali na frente vou sentir saudade das nossas risadas, das piadinhas bobas, dos momentos descontraídos, por mais pequenos que sejam. Nossa missão é levar o arroz, mas se entre meio a nossa missão podemos brincar, se divertir, por que não? Na verdade, o que vamos realmente carregar como riqueza são os momentos bons que vivemos, o resto se apaga… Temos que levar a sério sim nosso trabalho, mas não a ponto de não nos deixar boas recordações.

    Se você parar para pensar em um trabalho antigo, você vai lembrar da profissão que exercia, não vai lembrar de toda a rotina chata, mas das pessoas sim, das amizades, dos momentos bons… . Tenho certeza que não irá lembrar de uma terça feira estressante, tediosa que você viveu há dez anos, mas daquele dia feliz que teve com um colega ou amigo de infância, esse sim, está registrado e muito bem guardado.


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Postado por:

Jácson Lusa

Jácson Lusa

Tradicionalista, poeta, pesquisador, comunicador de rádio e cursando bacharelado em adm. de empresas.

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