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A epidemia da solidão
Nas nossas cidades vivemos uma epidemia de solidão. Essa situação traz muitas alterações para a saúde mental e física. Com uma projeção de 8,09 bilhões de habitantes em 2025, a população global está, porém, cada vez mais solitária. Tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o problema uma ameaça à saúde pública. As novas tecnologias de informação e comunicação, as mídias sociais, trazem novas potencialidades aos relacionamentos na sociedade, mas também novos desafios. Embora os especialistas afirmem que a pandemia de 2020 teve um enorme impacto no sentimento de solidão, devido ao isolamento social, o fenômeno começou muito antes e está relacionado ao desenvolvimento da tecnologia. Quem nunca se sentiu sobrecarregado de compromissos e incapaz de lidar com tantas coisas ao mesmo tempo? Neste exato momento, milhões de pessoas sofrem os efeitos da ansiedade, do estresse, da depressão e da solidão, problemas cada vez mais comuns neste mundo desafiador, exigente e confuso. “A desconexão social tornou-se agora um fator-chave da crise mais ampla de saúde mental que vemos neste mundo”, afirmou o Cirurgião Geral dos Estados Unidos, Dr. Vivek Murthy, que escreveu e falou extensivamente sobre os riscos do isolamento social. “Aproximadamente um bilhão de pessoas – 1 em cada 8 – vivem com problemas de saúde mental, um quarto delas são adolescentes”, disse ele. Entre os impactos no organismo, indicam estudos, está o aumento do nível de cortisol, hormônio associado ao estresse, além do aumento da resistência vascular, que pode aumentar a pressão arterial. Os sinais ativados no cérebro pela solidão também podem afetar a produção de glóbulos brancos, afetando o sistema imunológico. A situação, que pode ser arrasadora, também está associada a um risco aumentado de doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC), depressão, ansiedade e morte prematura. A solidão e o isolamento social contribuem também para o declínio cognitivo e estão associados a um aumento de 50% na demência. Pessoas isoladas também tendem a ter mais hábitos não saudáveis, como fumar e/ou beber em excesso, além de serem mais sedentárias. Do ponto de vista espiritual, a solidão também pode ser entendida como uma resposta a uma sociedade cada vez mais desconectada dos valores espirituais e do amor ao próximo. A busca incessante por reconhecimento, sucesso e conquistas materiais acaba afastando as pessoas umas das outras, gerando sentimentos de vazio e desconexão. Para o Espiritismo, a epidemia da solidão é um reflexo de egoísmo e da ausência de amor e caridade nas relações humanas.
Diante deste quadro, na vivência da solidão, muitas pessoas adoecem emocionalmente, chegando à ruptura com a realidade como temos observado em certas condutas na sociedade com os relacionamentos com os bonecos inumanos, como se fossem humanos.
Os recursos iluminativos da Doutrina Espírita nos ensinam que é preciso mudar para evoluir. Escutar a alma. Ela tem a orientação sobre qual caminho seguir. É por sua dimensão espiritual que o homem supera o plano puramente funcional de sua animalidade sendo capaz de dar sentido à sua existência; capaz de descobrir um sentido para a realidade que o cerca e para o tempo no qual ele está inserido. A dimensão espiritual é a condição fundamental do homem. A dimensão espiritual é a dimensão do sentido. Porque é nessa esfera que o homem se torna consciente, compromissado com a busca de sua identidade mais íntima, sua trajetória, sua origem, sua destinação. Mesmo como alguém de natureza espiritual, o homem não se exclui do mundo. Aceita o desafio de suas limitações básicas, mas busca superá-las, transpô-las, ultrapassá-las. A dimensão espiritual, fundamentada pelo sopro da vida, demonstra sua condição de imortalidade, mas direciona-o sempre à felicidade.