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Genocídio
Por aqui muitos falam em genocidas sem saber, efetivamente, do que se trata.
Na verdade, as ações empreendidas pelo Estado de Israel extrapolam os limites do legítimo exercício da defesa e adentram o terreno da punição coletiva, da destruição sistemática de infraestrutura civil essencial e do massacre de populações vulneráveis.
A Constituição de 1948 da Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, da qual Israel é signatário, define o genocídio como qualquer ato cometido com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. A destruição deliberada de hospitais, escolas, redes de abastecimento de água e eletricidade, somada ao bloqueio de ajuda humanitária e ao extermínio de milhares de civis, inclusive mulheres e crianças, não pode ser compreendida senão como parte de uma política sistemática de extermínio. A retórica da legítima defesa não justifica tais práticas.
A destruição total ou parcial da infraestrutura civil, a recusa sistemática ao cessar-fogo e a imposição de sofrimento deliberado a uma população já privada de direitos básicos não são condutas compatíveis com os princípios da dignidade humana, da proporcionalidade e da distinção entre combatentes e civis.
É dever da comunidade internacional exigir, com veemência, que sejam instaurados processos de responsabilização perante o Tribunal Penal Internacional, conforme prevê o Estatuto de Roma, aplicável a indivíduos que, no exercício de cargos de comando, ordenem ou consintam a prática de crimes contra a humanidade, crimes de guerra e genocídio.
Não se trata de negar o direito de Israel à existência, à soberania ou à segurança nacional. Trata-se, sim, de reconhecer que nenhum Estado está acima do Direito Internacional. A política de aniquilação da população palestina em Gaza não pode ser ignorada sob o pretexto de segurança. A paz duradoura não se constrói com base em ruínas, mortes e humilhação, mas no reconhecimento mútuo da dignidade dos povos e no respeito aos direitos fundamentais.
A omissão frente ao que se passa em Gaza não é apenas conivência: é cumplicidade.