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A Esquerda Brasileira e a Taxação Americana: Entre o Discurso e a Realidade
Nos últimos anos, os Estados Unidos vêm reforçando políticas tributárias e tarifárias que visam proteger sua indústria e seu mercado interno. Para o Brasil, que ainda depende fortemente da exportação de commodities, tais medidas revelam um ponto frágil: a incapacidade de sustentar uma economia sólida e independente diante da pressão externa.
A esquerda brasileira, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sempre construiu um discurso em defesa da soberania econômica e da autonomia frente ao poder norte-americano.
Contudo, na prática, o que se observa é uma postura ambígua. Lula se apresenta como crítico da hegemonia dos EUA em discursos internacionais e defende a diversificação das relações comerciais por meio do BRICS e do fortalecimento do eixo Sul-Sul. Mas, ao mesmo tempo, adota uma conduta pragmática nas relações bilaterais, evitando qualquer embate que possa gerar retaliações comerciais ou prejudicar o fluxo de capitais.
Essa duplicidade tem consequências sérias. Ao não enfrentar de forma firme a necessidade de reindustrialização e inovação tecnológica, o país continua preso à exportação de produtos primários, ficando vulnerável às decisões de política fiscal e tarifária norte-americanas. Assim, o discurso de autonomia acaba se reduzindo a retórica, sem correspondência em políticas estruturais que preparem o Brasil para disputar espaço real no cenário global.
O resultado é um Brasil que oscila entre a resistência simbólica e a submissão prática. A esquerda, que prometia romper com a lógica de dependência, acaba por reproduzi-la. E o país segue em um ciclo de fragilidade econômica que compromete não apenas sua competitividade, mas também sua própria soberania.
Na verdade, enquanto um ministro brasileiro concentra decisões em detrimento da pluralidade democrática, a maior potência mundial emprega sua força para limitar a competitividade internacional. O resultado, em ambos os casos, é a perpetuação de desigualdades e a fragilização dos mecanismos de equilíbrio – no plano interno, entre os Poderes; no plano externo, entre as nações.