No último outono cedi ao caprichoso convite das folhas amareladas dos plátanos… Naquele dia tinha pressa, mas mesmo assim, não resisti, parei, me sentei, e contemplei…As folhas dos plátanos nessa estação se vestem de cores alaranjadas, amareladas e marrom claro, pintando as paisagens de uma tonalidade linda que cativa os olhos.

    Sentado no chão, encostei-me no tronco, estiquei as pernas, e me permiti um momento de conexão e reflexão sobre a os ciclos de mudanças dos plátanos e da nossa vida…

    No fundo, pensei, somos como os plátanos. A cada ciclo nos vestimos de verde, intenso, de esperança e de vida. Assim como acontece com o plátano que lhe brotam galhos e estes se enchem de folhas, nós também nos vestimos de projetos, de planos e de sonhos.

    Passa a primavera, adentra-se o verão, e o plátano serve sombra, serve sua estrutura, e cumpre sua missão essencial que é ser plátano. Chega o outono e ele precisa se despir de tudo que absorveu, e então suas folhas começam a mudar de cor, como se a vida estivesse exigindo renovação. Para ele tudo é questão de tempo, ventos, e espera.

    Os projetos de vida também são assim. Às vezes é chegado o momento de trocar os rabiscos, amassar algumas folhas, se despir de alguns caprichos e orgulhos, para poder manter a essência. Assim como o tronco do plátano a cada ano fica mais robusto, nós também a cada ciclo ficamos mais “cascudos”. É porque os projetos podem mudar, como se fossem as folhas de plátanos, mas a nossa essência por ser “tronco” precisa estar forte para se vestir novamente para a próxima primavera. Para nós é questão de escolhas, de decisões e de sabedoria.

    Por falar em primavera, logo ela estará aí! Já escolheste quais as folhas que ficarão para trás? Já decidiu quais deixará amarelar, caírem e voarem? Saiba que, para que as novas folhas venham, o processo de desapego se torna necessário. Tem coisas que não precisamos levar de uma estação para outra…